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Sempre verde, se imaginava, de tempos em tempos, como planta.
Através de sinais do externo fotossintetizava sutis arrepios espasmáticos. Vez
ou outra, num silêncio de folhas secas, pousava-lhe um pássaro e iam num
tagarelar de diálogos tontos, incompreensíveis aos humanos não-verdes. O que era
de se esperar de uma menina planta? Sorriso cor-de-jambo, pés raízes de Fícus sp., olhos de amêndoas e um tremendo querer de sugar o sol a todo
o momento. Menina planta, circunscrita em toda a forma de agir, ela divaga entre o
que é pleno e lúcido e o que lhe reserva a vida. Destino seria isto? Na noite enluarada, longe de casa, perguntaram-lhe se acreditava em destino. Mentiu que não, embora no mesmo instante o visse acontecendo. O desejo de destino tecendo o céu negro sobre a pedra com a música festejando.
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