13 de fevereiro de 2014

O verde da janela

 Enquanto olhava para a janela e via um ser aberto, aberto com a luz do fim de tarde a iluminá-lo, pensava: que sorte, que sorte a minha. Caía a noite e, apenas pela lembrança da imagem, continuava a agradecer por tal achado. Foi que, certo dia, amanheceu e percebi: o trevo, que eu achava ser de quatro, tinha, como a maioria dos plantados, apenas três folhas. Restou-me, então, fazer um quadro. Hoje, pendurado na sala à luz da janela aberta - esta sim aberta em sua concretude - o quadro, mesmo de um trevo ordinário, é belo. Anda um pouco amarelado, há certo tempo já é passado, mas emoldura aquele instante fugaz de felicidade declarada. Que sorte. Que sorte a minha.


12 de fevereiro de 2014

COBRE
ROSA
RUBRO
BEJE
COR
SILÊNCIO
RUBRO
SILÊNCIO
NÃO
SILÊNCIO
SIM
SILÊNCIO
CORAÇÃO
SILÊNCIO
SIM
SILÊNCIO
TUM-TUM-TUM
SILÊNCIO
SIM
SILÊNCIO

BOCAS

SILÊNCIO


E

S
I
L
E
N
C
I
O
ENQUANTO POSSO.




11/05/08
 

VÊNUS


Sem me importar em entoar canções fora do tempo
nem temer algum desapontamento
fiz da vontade sopro
despida do casulo imaginário
enviando mensagens coronárias
a fim de derrubar temores
realidade no lugar da cena
beijei-te a boca como quem toca purpurina no ar
e teu rosto de espanto me fez mais Vênus.




11/05/08