3 de setembro de 2007

Carente de orvalho
lótus estirada [seca] quase pálida

nutrida por raízes de tropismos incertos





9 comentários:

Anônimo disse...

Puxa, que sintonia entre o que é visual, verbal e corpóreo...

tinha tempo que não entrava aqui, e teu blog continua delicioso, ou, como agora, sublime.

Uma Música Por Dia disse...

Não consegui entender muito bem... só que o teu humor não anda dos melhores!
Td de bom aí pra vc e parabéns pelo blog, sempre que dá, o indico pra alguém!

Anônimo disse...

A Lótus é uma flor aquática. O ressecamento e o estiramento denota que a mesma foi retirada do seu ambiente natural, como se o seu sustentáculo lhe tivesse sido tomado.

O anseio pela água pouca que brota das alturas é uma espécie de clamor não atendido. Junto com o ressecamento e o estiramento, pinta um retrato de um certo abandono.

Tive um pouco de dificuldade com a parte da raíz, principalmente com a expressão "tropismo incerto", que me pareceu contundente, mas não havia preocupado em entender seu significado.

Do Wikipedia:
"Tropismo é o movimento de curvatura orientado em relação a um agente externo."

Ou seja, suas "raízes" se voltam em direção ao desconhecido, mas também possivelmente o evitam, se afastam desse desconhecido, o que torna o quadro não totalmente apático, como a correnteza de águas profundas que se esconde sobre uma superfície plácida.

É difícil dizer se por raízes quer expressar um mecanismo de nutrição ou sustentáculo, ou se na verdade faz uma alusão a sua descendência, a sua família, por isso prefiro não me ater muito no assunto, mas acredito que o ponto crucial jaz justamente aí, uma vez que lhe é desconhecido esse "agente externo" e o impacto que tem sobre você é considerável.

A escolha da figura fortalece todo o tema do estranhamento, pois é possível observar a dualidade subjacente na mesma. Existe a contraposição da solidão e o abandono na floresta, e a percepção de uma cidade ao fundo, onde presume-se que aja multidões e vida em expansão(ao contrário da vida em retração da floresta outonal).

O rosto da mulher volta-se para cidade, atraindo nossa atenção para a considerável distância que separa o primeiro plano do plano de fundo, mas não sabemos se o seus olhos estão abertos ou fechados, ou seja, se contempla tudo aquilo do que se afastou ou se está perdida em si mesma.

A nudez e o lençol branco mostram que existe uma certa pureza em estar sozinho, em ser um indivíduo se encontrando, porém a estrutura da figura coloca o espectador dentro da floresta escura, espiando a solidão alheia, praticando uma intrusão desapercebida.

Eu me pergunto se existe algo que você deseja que contemplemos desapercebidamente.

Ligia Protti disse...

Eu te respondo: acho que é o tempo todo isso, desapercebidamente.

E ví que nunca antes tinha escrito essa palavra.

Muito grata.

Agora, quem és tu?

Anônimo disse...

encontrei seu blog por acaso na net. Estudei da quarta a oitava série com vc. Chamo-me Daniel

Uma Música Por Dia disse...

Lígia, que bom que gostou do blog! Fiquei contente com o teu comentário, realmente uma música por dia não é nada além do essencial.
Confesso que postar diariamente uma música será bem complicado, dada a minha enorme preguiça e alguns dias de falta de inspiração mesmo!
O Milton Nascimento é muito bom mesmo, confesso que tinha uma certa implicância com ele até bem pouco tempo atrás. Um dia ouvi aquele Clube da Esquina e fiquei encantado... a partir daí comecei a ouvir outros discos dele e cada dia gosto mais. Não só as músicas são lindas, como as letras, as capas, as fotografias, td nele é lindo!
E também fiquei feliz de ler um comentário sobre o disco, que é realmente maravilhoso.
Td de bom pra vc!

Anônimo disse...

Daniel, há quanto tempo.. Bacana demais te reencontrar. O que anda fazendo?

Anônimo disse...

E vc? Não tem uma página nesse universo acessível, pra que eu possa entrar?

Anônimo disse...

tenho trabalhado muito no meu novo trampo, estudado(não tanto quanto gostaria, dado minhas tolas pretensões acadêmicas) e reservado o máximo do tempo que me resta a minha cara metade.

As páginas que possuo não estão on-line e tão pouco estão acessíveis. Os fragmentos que restam estão espalhados por entre cadernos e folhas soltas nos armários desorganizados da minha vida. Outros tantos estão em lixos e aterros sanitários. Descobri que sou muito mais escriba do que poeta.