23 de janeiro de 2008

auto-retrato {ligia protti}
Uma mão saiu em busca de outra
passou por entre ventos
tempestades
caminhou livre
o vento por entre seus dedos

uma mão
sozinha
de repente
encontrou outra
também só em sua lida

tocaram-se
contato feito
seguiram segurando-se
apoiando as pontas dos dedos
brincando de espelho
desbravando fendas
segurando medos
fundindo-se

até que uma das duas
lembrou do gosto do vento
de ser livre
lembrou do querer
ir ao alcance das estrelas
tocar o sol
lembrou do mar

chorou


eu também chorei.

4 de janeiro de 2008

Floresta à beira-mar

Não escolhi tal anonimato, nem desejei dizer verdades enquanto se constroem notas musicais. Mas, foi, de repente, que como o caroço da drupa me tirou o sono. Era noite, e teus olhos me lembravam a Índia.

Espectral ocular de desvio inconsciente, trouxe-me à boca gosto de corpo que fala em silêncio - corpo que fala em silêncio - transcedental no meio de todos.

Iluminada por todas as árvores dos frutos, meu gozo no meio de todos. Era noite, e tudo o mais evaporava-se. Boleros imaginários, voz ampliada na escuridão.Floresta cantando.