31 de janeiro de 2007

À CRIA

{ligia protti}
Feliz por saber dançar
alegre porque de cada grão
trabalho o alimento
e essas são minhas riquezas [passarei-as à frente]

O que sei da comida e da dança
de tudo o que compõe o corpo
do nado, da água, natureza viva

Passarei à frente
mesmo que não para a cria de mim mesma,
mas transbordarei ao outro

Pois o que sei, não sei ao certo,
mas sei ser pouco




10/02/06
no Sol da Terra
A espera
Uma agonia de não perceber o tempo passando
Minutos, horas, dias em preto e branco
O que seria do querer sem o sofrer?
O que seríamos sem a cegueira da paixão?

29 de janeiro de 2007

INDEFINIDO

Vasto corpo de carne trêmula
meu perder-se acompanha o vai-e-vem da onda na areia
de início, erguida, ficando esguio o ventre,
arrebato-lhe o quadril contra o corpo,
sucinta explosão que me causa

Em movimento contínuo
jorram sumos de flores
licores
orvalhos da madrugada
mel de abelhas selvagens
fazendo brotar arrepios
do ventre à raiz dos cabelos

Vasto corpo de carne trêmula
território de dedilhar livre
em noites de lua crescente
corpo compositor de melodias incertas
ruidos sonoros, gemidos

É tua a minha mão na boca pensando em ti.

23 de janeiro de 2007

LUA CRESCENTE


Jurada como se retornasse à terra,
é na meia lua, novamente,
que o sentir se distorce no pulsar.


13/07/05

16 de janeiro de 2007

CONTANHO

Pernas abertas
Cobertas de gotas correndo
Banho morno
Fogo
Queimando pelo banheiro e dentro de mim mesma




07/06/05

15 de janeiro de 2007

SENTIDA

{ligiaprotti}
Todas as noites dos dias
Munida de esperança cor-de-rosa
Perfumada de ylang-ylang
Na bolsa trazida
Transbordante de vida
Ávida pela boca, dedos e língua.



28/05/05

11 de janeiro de 2007

DESMUNDA

{ligiaprotti}

Disseram-me
(alguém que não me conhece, tampouco eu)
que Balzac tinha os mesmo desvaneios

Julieta desse modo que escrevo
permaneço vendo sempre o que menos se vê
melancolia que me consome
sentindo a vida desgarrada
desse universo interno
perceptível agora

Desgarrada do todo que me assombra durante o caminhar
quando não devo e não temo,
mas carrego estes olhos cegos
que de real nada enxergam

Nada

(pois tudo é essa vida mundana
cada vez mais distante)

Julieta desse modo que sou
de certo não nasci pra viver
[se o travar das amídalas for vida]
vida essa que por mais que se valha de caminhar sozinha
fica sempre melhor chapada de alegria compartilhada.



09/06/05

7 de janeiro de 2007

PRESENTE VERMELHO

"Quero escrever o borrão vermelho de sangue com as gotas e coágulos pingando de dentro para dentro (...)"

Clarice Lispector

Do mesmo modo como me lembra o fervor das vestes espanholas, foi também uma escritora de lá, Rosa Montero, que me motivou a escrever sobre esse assunto dizendo quase não haver obras literárias sobre esse tema, tão constante e intermitentemente feminino.

Escrever sobre ela é como deixar vir, permitir que chegue, adaptando-se ao novo, que já é tão costumeiro. É como ficar de pé e perceber o quanto, daí sim, melhor ela flui...Reconhecer.


(em construção)

6 de janeiro de 2007

Menos temor de mim mesma
já não desvio os olhos
e construo pratos da nova mobília

O mesmo Caetano ainda soa,
mas os 21 já passaram faz um tempo

Persisto, e por vezes,
habito as crateras dos vulcões ativos.


05/01/07

5 de janeiro de 2007


{ligiaprotti}
Tão feliz que chego a transbordar
jorrando pelos bicos dos seios
que saltam feito esferas
mudando de órbita

22/08/06

NUA

{ligiaprotti}
Já rabisco
me despindo
nudez da cor do papel
daquelas onde o sol não toca

Desnudo meu mundo
e mundana torna-se a nudez
nudez de luz vaga
daquela que ecoa da lamparina

E quando sentida assim,
de tudo despida,
sinto-me em vida,
viva.

02/06/05

1 de janeiro de 2007

FEMININA

uma voz de lua disse coisas certas {ligiaprotti}

"Em dia fértil
Desperto férvida
Cheirando frascos
Fazendo versos
Desperto fútil
Tecendo fios
Desenhando fetos"


(Thaís Guimarães)

FESTA À FANTASIA



{ligiaprotti}

Pira na sua
excita
assusta
veste o que te pulsa dentro
transfigura-se no que já faz parte de ti
liberta o que mais há de vir


Insiste em ser vário
porque a vida é curta.

03/06/05

SINERGIA

O que somos nós
senão um punhado de emoções
sólidas em átomos
que constroem nosso corpo?

Punhado de emoções
que anda
dorme
come
faz amor

Um enxame de abelhas
onde a essência de cada um
vem do pólen que carregam

Sentem, como se às vezes
os pés não mais tocassem o chão
e se perguntam:
qual será o destino?

Assim as abelhas fazem...

Pequeninas,
mantenham-se unidas e produzam o mel,
se não, a vida finda
14/12/04

SEXTA-FEIRA

A minha sensação de liberdade é curta
embora intensa
e lembro-me
d'olho n'olho
cabelos se enroscando
num só nó

Ó só!

Éramos nós
éramos uno
e de repente
naquela mesa de bar
entro numa de autista
uma onda só minha

Ó só!
Mira!

E tudo muda
o mudo silêncio
na minha cabeça pirando
completamente sóbria

03/12/04