3 de junho de 2008

SOMBREIRO


{ligiaprotti}
Cabe a mim admitir a vida própria do meu não tão -ainda- conhecido inconsciente. Belíssima atuação, se analiso a autenticidade, o não medo, coragem, e o modo amoral como atua.
Primeiro, se mostra no sonho e, depois , ainda não satisfeito, surge nas palavras trocadas, embaralhadas. Ao primeiro sinal pode-se pensar que estou confusa, mas é apenas o vir à tona do que em mim, no mais interno e ofuscado pelas sombras, há. Pensamento negado, aquilo que escondemos atrás das roupas que menos usamos, dentro de gavetas já emperradas.
Escuto-o, reflito, mastigo, falo, grito. Não há porque temê-lo, pois que é lavra, nascente, precisa escoar, afinal, represado, desbaratina. Como se fosse impensado, já que é sempre domado, se faz presente inesperadamente. E, de fato, presente é, se souber identificá-lo.


No lugar do teu nome houve outro
porque fervilhava o episódio pouco antes ocorrido
nada além disso
houve grito
- o compartilhar alivia-
era preciso que soubesse
eu apenas, ainda, não sabia

agora sim, dialogo
com ele, com tú
em mim
conosco
ouço-me e sou ouvida.

2 comentários:

maria incomodadeira disse...

Adorei a rima da sua boca e as mensagens coronárias. Está, realmente, cada dia mais Vênus. Encantadora.
Manchas de batom rendem livros.

Beijos!!

D disse...

Atos falhos me fazem sentir um tanto traído. Odeio deixar escapar desapercebidamente algum detalhe ou nuance porque detesto admitir que estes me eram desconhecidos.

O inconsciente é uma força atroz e amoral que de fato me assusta, mas mostra que o ser humano pode ser uma vastidão que abarca profundas contradições.

Para mim conflito é um tema constante. Vou sempre ver o pomo dourado com a palavra Kallisti inscrita. Esse escoar das águas torrenciais do id contras os paredões do super-ego não é algo que consigo ver com a mesma tranquilidade que você.

p.s.: Já chamei pelo nome de outras em momento inoportunos ... só que propositalmente. :P